Agora, as 23:29 vai fazer exatamente 3 dias e 12 horas que a Vitória nasceu. As primeiras 36 horas da vida dela foram passadas ao nosso lado, no quarto do hospital, porém, por volta das 23:30 do dia 22 ela vai para a Unidade Neo Natal fazer soro para tentar regularizar a taxa de glicose que estava baixa.
Eu que a levei. E por alguns infindáveis minutos fiquei aguardando do lado de fora da sala que a equipe de enfermagem fizesse a punção na minha filhinha.
Foram os minutos mais cruéis da minha existência, lá, ouvindo ela chorar e sem poder fazer nada. Minha vontade era pegá-la no colo e sair correndo. Não pude.
Por certo, o procedimento era necessário para a saúde da Vitória, mas não é nada bom ver um bebê com uma agulha no braço, ainda mais quando é o seu filho.
Confesso que não tinha a menor noção do que iria encontrar na Unidade Neo Natal. Lá já estavam outros 4 nenês, todos prematuros como a Vitória, mas menores do que ela; um deles pelo menos já há 2 meses internado.
E é uma rotina para vários pais que por um motivo ou outro não conseguem deixar o hospital com seu filho e acabam retornando todos os dias para vê-los, amamentá-los, amá-los.
E me impressionei com a tranqüilidade e bom astral dos pais que lá encontramos, ultrapassando as dificuldades, com certeza, na força demonstrada pelos pequenos em ultrapassar seus problemas.
E digo isso, pelo simples fato de que nunca senti uma saudade tão grande como aquela da hora de retornar ao quarto vazio, sem a Vitória. Foi um momento...
O quarto ficou muito grande e o silêncio muito alto.
Eu e Laura nos abraçamos e ficamos um bom tempo chorando. Confesso que apesar das tentativas da Laura, fiquei inconsolável até o cansaço vencer.
Mesmo que o problema de glicose baixa seja normal em prematuros e não possa ser considerado grave, a gente não quer nem saber das explicações científicas. Só o que sei é que minha filha, que estava comigo, agora estava lá longe.
Não consegui escrever sobre isso antes, só agora que, ainda que dependa dessa noite, temos ampla possibilidade de sairmos amanhã do hospital, todos juntos!
Não resta dúvida que existem muitas maneiras de se amar. A gente ama os pais, os irmãos, os amigos, a mulher, mas o amor incondicional, que brota não se sabe nem de onde, mas que é mais forte que qualquer coisa, só se conhece nesse momento, só se conhece olhando pro seu filho.
E nada, nada mesmo, no mundo é mais intenso ou mais perfeito do que esse momento!!!
Pai babão? Sou só mais um!!!
2 comentários:
estou aqui com os olhos cheios de lágrimas! teu relato foi muito emocionante, Marcelo! a Vitória escolheu pessoas maravilhosas para ter como pais...aliás, o nome dela não poderia ser mais apropriado, não?
um beijão. a filha de vocês é linda! :)
ane
Marcelo! não paro de chorar, já molhei todo teclado lendo teus relatos dos últimos dias!!! Na verdade eu só tinho lido quando a Vi nasceu!mas fiquei super feliz de saber que vcs estão super bem, juntos e em casa!!! beijos Anália
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