sexta-feira, 27 de junho de 2008

MAIS PENSAMENTOS SORTIDOS

As portas abertas no fim de tudo, passagens secretas, o fim do mundo. Sinto vontade, mas preciso descobrir do que. Eu quero aparecer. Onde? Pra quê? Pra você. É tudo tão esquisito mesmo que não esteja nada fora do lugar, como foi bom sonhar. O sonho é gostoso, principalmente quando é recheado, quando estou acordado, e bem açucarado. Sonhei com você.(1989)**

E me vi estático ao poder da sombra. Senti teus pingos gélidos escorrerem-me, quase purificando minha alma. Cantei meus sonhos em versos e fiz da vida minha obra de ficção. Sempre procurei a razão em teus olhos e fui mais fundo que tudo no poço de minha mente. Sinto-me angustiantemente lúcido, e, aliviadamente outro. O que sei sobre tudo? Mal sei de mim mesmo. Não tenho a verdade que procuro num muro insanamente limpo, onde me proíbo ultrapassar e me espalho em cores sem luz, estático ao poder da sombra.(8.2.91)**

Onde estão os bons tempos que não voltam? Os espero a cada segundo, a cada passo, a cada rosto. Minhas mãos estão geladas, eu sei. Você sabe. Invento diferentes mentiras para te ter a meu lado e já me perdi neste mundo de ficção. Tenho medo de meu rosto e o céu se fecha com rapidez e o vento corta em soluços de lamentações. Eu preciso de você. Minhas mãos estão suadas e geladas, eu sei. Minha boca pede teu beijo. Fecho os olhos. Um beijo qualquer. E vôo longe em direção do horizonte e não sei se há retorno. Existem lágrimas em meu rosto. Às vezes acho que vou aprender a voar, mas as lágrimas em meus olhos apagam as cores, embaçam o mundo. E todos os dias eu sinto que posso, mas o dia acaba e eu posso não sei o que.(21.1.93)

São migalhas do meu eu
frases prontas, pontos fixos
raciocínio.
São tantas feridas que se abrem
palavras, mágoas, solidão.
São vozes caladas, ecos da multidão.
São meus sofrimentos que ninguém nota, que disfarço com um sorriso forçado, com uma máscara de reflexão.
Ninguém tem tempo para olhar no fundo dos olhos de alguém e ver seus medos, compartilhar sua dor.
Há só sofrimento que persiste, infinito, intercalado por momentos de felicidade.
São migalhas do espelho que refletiam a realidade que tento esconder, reconheço traços do passado, angústia do que não passouTantas feridas que não cicatrizam, toda a vida que o tempo levou.(29/5/95)**

quarta-feira, 25 de junho de 2008

PENSAMENTOS VARIADOS

SONHO NADA

Pensei em ter calma. Pensei em mais alguma coisa ter. Mas é como estar sozinho. É cada centímetro de separação. Aumentando um pouco, rápido demais.
E já não é bem isso.
Já não é quase nada.
Pensei numa porção de outras coisas. É certo que bem não pensei. Mas pude me ver. E não gostei. Sei que ajo errado.
Não tenho paz. É um turbilhão de idéias e pensamentos. É uma tristeza sem fim. É o meu mais profundo momento de solidão.
É uma vontade danada de que tudo terminasse.
Não tenho nada. Não sonho nada.
E já ninguém pode me alcançar. (3.1.97)


VOLTAR À ESTRADA

Escuta meu grito. Preciso de ajuda. Não há alguém pra me salvar?
Seca meu pranto. Mostra o caminho que há em frente.
É o sol.
Preciso de sol a iluminar o escuro de meus olhos, o resto todo que for breu.
Não largue minha mão que sozinho não sou nada.
Quero voltar a sorrir. Quero voltar à estrada. (3.1.97)


PERDI O DOM

Procuro ainda o conjunto de palavras que expressem o que sinto, o que se passa. Mas já pareço não ter o dom. Deve ser o sorriso, deve ser a idade. Sei lá! O que sei é que me faz bem. Qualquer besteira, mesmo que não diga nada, mesmo que me leve às lágrimas. Foi em algumas folhas as poucas vezes que estive comigo mesmo. (22.01.97)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

EU CONVERSEI COM DEUS

Eu conversei com Deus
mas Ele não me deu todas as respostas
com calma Ele me contou
da dificuldade de se carregar uma cruz nas costas

Eu conversei com Deus
e sentado a meu lado Ele chorou
peguei em Sua mão fria e ensanguentada
e quis fazê-Lo acreditar que tudo já passou

Eu conversei com Deus
e talvez muitos outros conversassem
talvez loucos ou desesperados

E, derepente, Suas lágrimas secaram
pois a cada momento Ele renascia
na esperança dos desengandos.(23/4/92)**

terça-feira, 3 de junho de 2008

PRETO E BRANCO

Jogo no muro as mil cores em que se funde meu pensamento e recolho as sobras do monstro que criei. Escorro numa gota quente de suor e lágrima em tons distantes da escuridão pro alto da construção de minha capacidade emocional. Brinco com o brilho de teus olhos, espalhado nas mil direções de minhas sensações e provo o doce sabor do meu próprio sangue. Retomo meus passos inocentes, seguindo num caminho mundano de riqueza e fé, até voltar ao muro, encontrar o colorido de meu pensamento, apagar a luz e tornar tudo preto e branco.(22.1.93)**