quarta-feira, 30 de julho de 2008

TEUS OLHOS

Teus olhos: os enxergo mesmo no escuro pelo brilho constante que emitem. Que emites. És tudo o que sempre quis ver. És tudo o que sempre quis ter. Meu corpo de encontro ao teu, homogêneos no movimento, cúmplices na ação. Sempre estive completo somente a teu lado.(17.8.90)**

terça-feira, 29 de julho de 2008

SÓ AGORA PUDE NOTAR

São sempre solos
São sempre em momentos de solidão que as verdades aparecem
frente a frente
olho no olho
no reflexo do espelho
quase sempre aparecem lágrimas
fico até contente de ainda poder chorar
eu sei, são fraquezas
são medos inexplicáveis
e outra porção de coisas que não quero explicar
talvez um dia,
talvez ao longe
olhando longe, muito mais longe do que os olhos possam ver
eu esqueça tanta mágoa, tanto medo
é que tenho estado a sofrer demais
por muito tempo, tempo demais para alguém agüentar sozinho
nada mais lava minha alma
estou realmente sozinho
há muito tempo estou
mas só agora pude notar,
só agora pude notar. (sem data)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

AR NOVO

Então sofres por mim e não me dizes nada?
Não quero que seja da minha vida a próxima cagada.
Não quero beijos, nem abraços de despedida.
Não quero que chores, nem que seja minha amiga.
Eu quero ar novo pra respirar.
Ar novo pra respirar.(29.5.95)

domingo, 13 de julho de 2008

LOUCO DEMAIS PARA SABER

Pensei em ficar em pé no parapeito da escada, mas não encontrei nada além do degrau. Talvez acima da multidão em roda rindo de meu corpo pelado. Bato palmas e todos somem e já de calção piso-os como se fosse elefante. Das faíscas douradas das agulhas de tricô, talvez venha a comunicação para com as estrelas de um filme pornô. Eu quero te ver de novo e sentir aquela alegria estranha de estar a sofrer. Corro na chuva ácida de tua bronca, bebo da água clara de tua boca e do resto estou louco demais para saber.(22.1.93)**

quinta-feira, 10 de julho de 2008

PEQUENO DEMAIS

Ninguém se lembrou de mim hoje. Acho que nem eu. E, em muito tempo, pela primeira vez me sinto só. Talvez porque pela primeira vez te imaginasse a meu lado. Talvez porque pela primeira vez te quisesse a meu lado, como se pudesse copiar outras vidas e, acima de tudo, nunca ser eu mesmo. Queria vestir tua sombra e me bastariam as migalhas. Mas tenho medo. Sinto dor. Invento desculpas. Medo. Queria sair de minha própria sombra e sonhar com a realidade e olhar de verdade para teus olhos, beijar tua boca. Mas tenho medo. É mais fácil sonhar. E mesmo assim acordo de noite assustado. Me fechei para o mundo e criei meu próprio universo, mas agora não encontro saída e fiquei pequeno demais para mim mesmo.(14.2.92)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

SEDE

Sinto sede de noite. Sinto falta do sangue amargo manchando a madrugada. Tapo novamente os espelhos e atrás da máscara, já não penso em mais nada. Não tenho remorso, nem consciência. Renasço das cinzas de minha última esperança. e estou desesperado por dor, por vícios. E eu costumava ser um sonhador. (16.01.97)(1h26min)BM